Ontem, 26 de julho, foi comemorado o dia dos avós. Esse dia foi escolhido por ser o dia de Sant'Ana e São Joaquim, os avós de Jesus (pais de Maria).
Lembrei muito de meus avós ontem (eles já estão junto de Deus). A vó Maria, mãe de meu pai, morava no mesmo quintal que eu junto com meu vô José. A vó Maria era aquele tipo de pessoa que fazia tudo pelos netos (ajudou a criar alguns). Lembro de uma vez que passou um desses vendedores de picolé, meus primos fizeram uma cena daquelas porque queriam a todo custo um. Aí, ela chamou o vendedor, pediu os picolés e disse: o senhor volte semana que vem pra receber que hoje não tenho dinheiro, quando ele quis argumentar ela retomou a fala, ninguém mandou o senhor vir aqui atiçar as crianças (claro que ela pagou no dia combinado). Era muito simples ela, não sabia ler nem escrever, lembro que eu voltava da escola e queria ensiná-la, mas não era a criança mais paciente do mundo... logo queria sair brincar com meus primos... vó Maria dizia que eu era sua bonequinha de louça...
Vô José era ranzinza que só ele... ai de quem duvidasse de qualquer uma das histórias mirabolantes que ele contava, era mula-sem-cabeça, saci, lobisomem e toda sorte de assombrações. Se alguém dissesse que tais coisas não existiam, ele cerrava o punho de uma das mãos e socava a palma da outra e dizia: se eu to falando é porque tem, eu vi...
Meu avô por parte de mãe, o vô Salvador, eu não cheguei a conhecer. Faleceu três meses antes de eu nascer, mas sempre que ouço contarem histórias sobre ele (e são muitas) sinto somo se o tivesse conhecido, entendo Renato Russo quando falou de uma saudade de tudo que ainda não havia visto. É essa saudade que sinto do vô Salvador, do colo, das broncas, dos beijos e abraços que nunca pôde me dar, chega a dar uma pontinha de inveja dos meus primos mais velhos por isso. Era um bom homem, isso eu sei, não há quem fale dele sem uma ponta de admiração.
Minha avó Adéllia, essa conheci bem. Morava a poucos metros de minha casa. Ela foi morar com Deus há dois anos. Sempre gostei muito de ouvir suas histórias, sempre que ia a sua casa pedia pra me contar as coisas que haviam acontecido com minha mãe, meus tios e meus primos mais velhos, na época da "casa velha", as pessoas incomuns que passaram por sua vida, alguns andarilhos a quem ela e vô Salvador davam abrigo no celeiro. Era muito religiosa ela, um exemplo em nossa comunidade, muito querida por todos também... tanto que grande parte dos vizinhos a chamavam de vó.
Quantas lembranças desses meus avós queridos, foram tantas brincadeiras, broncas, risos, choros, conselhos... Tanto amor e carinho... por isso eu digo para todos que ainda tem seus "velhinhos", cuidem bem deles, um dia sentiremos saudades até das vezes que ficamos só olhando-os dormir, cuidando para ver se precisam de algo, se a respiração está normal. Quando passa, sentimos falta até mesmo daquilo que achávamos difícil de suportar, das manias que não entendíamos, das vezes que tomaram partido dos outros primos quando achávamos que nós é que tínhamos razão...
Onde vocês estiverem vô Salvador, vó Adéllia, vô José e vó Maria, sempre vou amar vocês... SEMPRE...
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